Como mãe já alguma vez sentiu uma voz interior ou uma sensação, espécie de pressão ou desconforto, no estômago quando precisa de tomar uma decisão? Se sim, parabéns, está a experienciar a chamada intuição, que apesar de ser sentida no estômago tem origem no cérebro – as mensagens vêm da ínsula e da amígdala. 
Isto é o que o neurocientista Antonio Damasio chama marcadores somáticos – mensagens que são sensações que ‘sentem’ o que é certo ou errado, simplificando, desta forma, a decisão e guiando a atenção na direcção das melhores opções. 

O nascimento da intuição da mãe começa na gravidez, mais especificamente no útero, devido ao aumento e diminuição das hormonas gestacionais e do pico de ocitocina no trabalho de parto. Fisiologicamente, a mãe está preparada para tomar conta do seu bebé e zelar pela sua segurança. Este mecanismo natural torna-a apta a perceber o que é seguro, perigoso, bom e mau para o seu bebé. 

E para as mulheres que se sentem confusas e não conseguem distinguir a diferença entre medo, ansiedade e intuição, transcrevemos as conclusões de duas psiquiatras sobre o assunto:

O problema dos nossos instintos é que quando estamos desequilibrados, eles tendem a conduzir-se para direcções erradas. Intuição é o conhecimento inato, dado pela natureza, e que apenas pode ser acedido quando a consciência está pacificada, calma. Os instintos podem estar errados, mas a intuição está sempre certa.” Shimi Kang, investigadora neurocientista

A intuição é neutra, não tem carga emocional, é quase impessoal – é apenas informação. Por outro lado, o medo tem um enorme carga emocional e pode estar relacionado com problemas de ansiedade que a mãe ainda não resolveu.” Judith Orloff

A intuição ‘não está a funcionar’ quando está stressada-sistema nervoso simpático. Para aceder à sua intuição precisa de procurar a calma, estar enraizada e centrada. Tem de tomar conta de si própria e fazer o que for necessário para despertar a  sua ‘voz interior’, acreditar e confiar nela. 

Acredite que a intuição da mãe é real, existe e é útil para a sua protecção e para a protecção do seu bebé. Mas a mãe tem mesmo de tomar consciência que ela própria é a prioridade. Aliás, esta é a primeira ‘missão’ do seu bebé: fazer com que a mãe tenha oportunidade, urgência e motivo para olhar para ela própria e priorizar-se. O que sente irá ser sentido pelo seu bebé. Ele precisa que a mãe se sinta forte, firme e com coragem. E para sentir isto tem mesmo de cuidar de si.

Com amor, Rute Candeias Vinagre

fotografia: Janko Ferlic

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